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Aos quatorze, Murilo já tinha uma imaginário sexual repleto, ainda que inteiramente teórico, composto totalmente de visitas a sites de putaria recomendados por um moleque mais velho que ele conheceu no IRC. Ele que foi atrás de perguntar, da maneira desavexada com que ele foi aprendendo a perguntar pra gente mais velha sobre assuntos específicos (como escolástica, computação, teatro butô).

Murilo passou por todas as categorias de um site em particular, de cima a baixo. Tomou duas tardes. Tinha coisa com animal, tinha gente se machucando com uns espinhos e uns negócios de couro, tinha gente velha, tinha paródias mal desenhadas de desenhos animados, tinha coisa com balão, tinha coisa de gigantes em 3d comendo pequenas pessoas em 3d, tinha coisas com polvo, tinha coisas com cocô, tinha coisas com muita muita gente e apenas uma garota, tinha estupro de mentira, tinha vídeo de câmera de segurança pegando gente trepando escondido, tinha vídeo que fingia que era isso, mas era de mentira.

Murilo realmente achou, quando terminou, que devia ter praticamente esgotado todas as possibilidades do imaginário sexual humano quando terminou. Teve até algum orgulho de si mesmo, de ter lidado com aquele troço de forma tão eficiente, ainda tão novo. No dia seguinte indo de van pra escola achou que entendia melhor todo aquele mundo congestionado e mal arrastado, todo aquele povo irritado na rua provavelmente queria ir pra casa fazer aquelas coisas engraçadas todas, esfregar seus peitos e paus em balões e roupas de couro, meter objetos escorregadios pra dentro do corpo. Por isso estavam tão frustrados, tão bravos, dentro dos seus carros, com tantas roupas, no sol. Claro. Fazia todo sentido.

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